Carnage, filme de Roman Polanski, e Sabor: minha vida através da comida, livro de Stanley Tucci
Alexandre Bianchini, Bruno Fontenelle e Rafhael Frattari
Carnage, filme de Roman Polanski
Penelope, I believe in the god of carnage. The god whose rule's been unchallenged since time immemorial.
Deus da Carnificina, filme dirigido por Roman Polanski e baseado em peça de teatro homônima, é uma breve e eficaz reflexão sobre comunicação e irracionalidade.
Enxuto em sua duração (80 minutos), em seu elenco (basicamente, aparecem apenas os quatro atores principais) e em sua locação (praticamente nunca fora do apartamento em que ocorre a trama), Carnage brilha por meio da aparente eloquência de seus personagens.
A trama, inicialmente, parece simples: dois garotos brigam e seus pais – interpretados por Christoph Waltz, John C. Reilly e Kate Winslet – reúnem-se em um apartamento para discutir a questão. No entanto, de forma discreta e quase invisível, o que começa como um amigável diálogo entre pais de crianças, transforma-se em um furacão verborrágico e escatológico, à medida que os personagens revelam as verdadeiras personalidades.
Talvez o ponto principal do filme seja a demonstração de que a linguagem, por mais que tenha o propósito de criar pontes para alcançar os outros, também tem o caráter destrutivo quando nos vemos em situações limítrofes, onde a emoção fala mais alto que a razão.
São nesses momentos em que a comunicação não tem outro propósito se não a própria configuração do caos. Isso fica claro ao longo do filme quando os quatro personagens, conforme se veem pressionados a se comunicar e se justificar perante os outros, vão se desvencilhando do verniz social e se mostrando mesquinhos, egoístas e violentos.
É nesse sentido que o filme demonstra como uma situação trivial, quando má conduzida, consegue opor todos os presentes, mostrando como todos os envolvidos conseguem estar errados ao mesmo tempo (e você, com o passar do filme, vai se identificando com cada um, ao mesmo tempo que desgosta de todos).
Disponível nas plataformas Amazon Prime e Petra Belas Artes.
Alexandre Bianchini
Advogado da Equipe de Consultoria do VLF Advogados
Bruno Fontenelle
Advogado da Equipe de Direito Administrativo e Regulatório do VLF Advogados
Sabor: minha vida através da comida, livro de Stanley Tucci
Sinceramente, o que me chamou atenção no livro foi o subtítulo, especialmente a palavra “comida”, e não a foto ou o nome do suposto ator de Hollywood, que, decididamente, não reconheci. É claro que não sou nenhum cinéfilo, como meu amigo Leonardo Gandara, que lê muito, mas também vê e assiste. De toda forma, descobri que o tal Stanley fez vários filmes, alguns deles com certo sucesso de público como O Diabo veste Prada, Julie & Julia e Jogos Vorazes (argh!!!).
Mesmo sem conhecer o autor, comprei o livro e me surpreendi com memórias engraçadas, delicadas e interessantíssimas, contadas sempre com bom humor. Sim, o livro pode ser considerado um livro de memórias, mas é bastante leve, com capítulos pequenos e generosos. Há duas estrelas principais: a família de Stanley e a comida, em geral, a italiana.
O autor tem uma prosa simples, que flui muito bem, sobretudo quando fala das suas amizades, seus trabalhos e as suas emoções. Os capítulos finais mostram como ele superou problemas de saúde sem pieguismo ou qualquer tom de autoajuda.
O livro vale a pena demais como diversão, como ótimo passatempo de férias. E ainda há um bônus espetacular para os glutões de plantão: as principais receitas que marcaram a vida de Tucci, com destaque para a Pasta alla Norma e o Ragu Tucci, sem deixar de lado os bons drinques que são ensinados. Excelente leitura!!
Rafhael Frattari
Sócio da área Tributária do VLF Advogados