O Que Resta de Nós, livro de Virginie Grimaldi, e The Bear, série da FX
Rafhael Frattari e Katryn Rocha
O que resta de nós, livro de Virginie Grimaldi
Este mês o livro indicado é da autora mais vendida atualmente na França, com uma escrita clara, objetiva, história direta e enredo muito bem construído.
A obra narra o encontro casual de três pessoas em Paris, cada qual com seus problemas, alguns bem sérios. Uma viúva que não sabe como viver sem o companheiro de uma vida, uma jovem recém fugida de uma relação abusiva e um jovem confeiteiro, com seus traumas da orfandade, cuja casa é um velho carro estacionado.
A trama se desenvolve com a relação entre as três personagens solitárias, indo ao passado de cada um para narrar as suas histórias. É uma obra sensível e bela, como se pronta para virar um belo roteiro.
Embora não tenha grandes virtudes estéticas ou filosóficas, o livro representa literatura de ótima qualidade, excelente para a conquista de novos leitores e para a reflexão sobre como lidamos com traumas que teimam em assombrar o futuro. Enfim, humanidade e encontros, que fazem a vida valer a pena. Indico demais, especialmente para novos leitores, um final de semana.
Rafhael Frattari
Sócio-fundador responsável pela Área Tributária do VLF Advogados
The Bear, série da FX
Com várias indicações ao Emmy 2023 já em sua primeira temporada, a série produzida pela FX acompanha Carmy (Jeremy Allen White), chef vencedor do prêmio James Beard, que voltou para casa para salvar os negócios da família após a morte por suicídio de seu irmão Michael (interpretado em flashbacks por Jon Bernthal).
Ambientada em uma lanchonete movimentada de Chicago, The Bear é excepcional na criação da atmosfera. O espectador se sente preso na cozinha com os cozinheiros, enquanto os equipamentos quebram, os ânimos se exaltam e entram em conflito e nenhum tempo parece suficiente para garantir que toda a comida esteja pronta para a chegada dos clientes famintos.
E se a primeira temporada trata de processar traumas, lidar com a perda e a ansiedade e a tarefa ainda mais lenta e dolorosa de expiar a culpa, a segunda luta com o que vem depois. “Você já pensou em propósito?” diz Richie (Ebon Moss-Bachrach) em determinado momento da segunda temporada, recebendo como réplica de Carmy um “Eu te amo, mas não tenho tempo para isso”. E, em contrapartida, o show demonstra ter sim, circulando continuamente a questão do que constitui uma vida boa e feliz.
The Bear é intensa, desconfortável, crua e possivelmente uma das séries mais estressantes que já vi. Mas também é excelente e uma das melhores séries da atualidade. As duas temporadas estão disponíveis no Star+.
Katryn Rocha
Auxiliar de Comunicação do VLF Advogados
