O Jogo da Amarelinha, livro de Julio Cortázar, e A Caça, filme de Thomas Vinterberg
Bruno Fontenelle e Lorena Alves
O Jogo da Amarelinha, livro de Julio Cortázar
O Jogo da Amarelinha, do argentino Julio Cortázar, é um livro excepcional que desafia as convenções literárias tradicionais e convida os leitores a uma jornada de exploração tanto intelectual quanto emocional. Cortázar desafia as noções convencionais de narrativa linear, oferecendo em vez disso uma estrutura fragmentada e não linear que reflete a complexidade da experiência humana.
Uma das características mais marcantes da obra é a sua experimentação com a forma e a estrutura: o livro é dividido em capítulos curtos, muitas vezes apresentados de forma não sequencial, encorajando os leitores a participarem ativamente na construção do significado da obra. Essa abordagem desafia a ideia de linearidade na narrativa e convida os leitores a explorarem diferentes caminhos e interpretações, tornando a experiência de leitura profundamente envolvente e interativa.
Além da sua forma inovadora, O Jogo da Amarelinha é também uma obra rica em temas e simbolismos. Cortázar explora questões existenciais, como a busca pela identidade e o sentido da vida, enquanto também aborda questões sociais e políticas da América Latina. Através de personagens complexos e situações surreais, o autor convida os leitores a refletirem sobre a natureza da realidade e da experiência humana.
A linguagem de Cortázar é outra característica marcante da obra. Sua prosa é poética e onírica, repleta de imagens vívidas e metáforas. O autor brinca com a linguagem de forma criativa, criando um estilo único de fluxo de consciência.
Em resumo, O Jogo da Amarelinha é uma obra-prima da literatura latino-americana em decorrência de sua forma inovadora, temas profundos e linguagem evocativa. Julio Cortázar criou uma obra que desafia as expectativas e expande os limites do que a literatura pode realizar.
Bruno Fontenelle
Advogado da Equipe de Direito Administrativo e Regulatório do VLF Advogados
A Caça, filme de Thomas Vinterberg
A indicação desse mês tem tempero jurídico e é capaz de gerar bons e longos debates ao se juntar com outras pessoas para assistir.
Em A Caça (Jagten), Lucas, interpretado por Mads Mikkelsen, é um assistente de jardim de infância que vê sua vida desmoronar após ser falsamente acusado de abuso sexual pela Klara, uma das crianças da escola. Feita a acusação, inicia-se reação em cadeia de desconfiança, humilhação e perseguição pública.
Nós, enquanto espectadores, sabemos de sua inocência desde o princípio e facilmente caímos num dilema: e se fosse real?
Mikkelsen entrega uma performance impressionante! Sua interpretação do protagonista é comovente e cheia de nuances, capturando a dor e a indignação de um homem que luta para manter sua dignidade e provar sua inocência em meio ao caos que sua vida se transformou. O elenco de apoio não fica para trás, com destaque para Annika Wedderkopp, como Klara, que entrega atuação fria e convincente, mesmo tendo pouca idade.
A Caça é um estudo sobre presunção de inocência, do devido processo legal e da sociedade como mecanismo potente de controle social. Um filme profundamente relevante e provocador que continua a ressoar mesmo após o fim dos créditos.
A produção está disponível no Prime Video.
Lorena Alves
Advogada do VLF Advogados