Leopoldina e Maria da Gloria: Duas Rainhas, livro de Mary Del Priore, e Caju, álbum de Liniker
Daniele Persegani e Anna Julia Silva Costa
Leopoldina e Maria da Gloria: Duas Rainhas, livro de Mary Del Priore
Leopoldina e Maria da Gloria: Duas Rainhas, de Mary Del Priore, oferece um retrato profundo sobre a vida da Imperatriz Leopoldina, sob a perspectiva de sua filha, Maria da Glória, futura rainha de Portugal. A partir de narrativa ficcional, mas baseada em detalhes históricos e pesquisa minuciosa, a trama se desenvolve a partir das memórias e impressões de Maria sobre sua mãe, transportando o leitor para o Brasil do século XIX. A obra se destaca por dar voz feminina a parte da história dominada por figuras masculinas no poder.
A historiadora constrói uma imagem sensível de Leopoldina, arquiduquesa austríaca que, ao se casar com Dom Pedro I, abandonou as cortes europeias para viver numa colônia cujo clima e cultura, além dos dissabores conjugais experimentados ao lado de um marido impulsivo e infiel, a fizeram partir precocemente aos 29 anos de idade.
A partir das lembranças e do olhar zeloso de Maria da Glória, conhecemos a trajetória da imperatriz que, apesar das adversidades, encontrou no amor pelo Brasil o alicerce para atuar como grande articuladora da Independência, causa que abraçou como sua.
Mary Del Priore, por meio de visão humanizada e sensível, consegue retratar com maestria as contradições de uma época em que as mulheres da realeza eram ao mesmo tempo poderosas e limitadas pelas convenções. Dando destaque a temas importantes como identidade, legado e peso das expectativas da realeza sobre as mulheres, a obra instiga o leitor e o convida a refletir sobre poder e resiliência feminina.
Leopoldina e Maria da Gloria: Duas Rainhas é uma história rica e emocionante que, de forma inovadora, explora as muitas nuances de duas mulheres fortes, Leopoldina e Maria da Glória, revelando toda a carga emocional de seus dilemas, incertezas e aspirações.
Daniele Persegani
Advogada da Equipe de Consultoria e Compliance do VLF Advogados
Caju, álbum de Liniker
Essa não é a primeira vez que o caju é escolhido como personagem nas produções artísticas brasileiras. A transparência da cajuína recitada por Caetano, a pele cantada por Alceu e, com algum esforço de memória, lembro também do Caju, codinome de um dos meninos em Cidade de Deus.
E é assim, criando o fantástico a partir do lugar-comum, que Liniker prova, mais uma vez, sua genialidade. Em cada uma das quatorze faixas de Caju, seu segundo álbum de estúdio, lançado em agosto de 2024, a cantora traz composições maduras, vulneráveis, profundas em estilo e em significado.
Assinando a autoria de todas as músicas, a artista vai na contramão do mercado, sem perder sua identidade única, responsável por consagrar seu álbum anterior, Índigo Borboleta Azul, com o Grammy Latino de Melhor Álbum de Música Popular Brasileira, em 2021.
Agora, essa mesma identidade se prova ainda mais bem esculpida, capaz de juntar canções Pop, MPB, Disco e Pagode em perfeita coesão. Assim, fica claro que a autenticidade e a pessoalidade da poesia de Liniker a tornam capaz de se conectar com a subjetividade de qualquer público.
Com destaque para as faixas “Veludo Marrom” e “Popstar”, a grandeza da produção de Caju é incontestável, e, desde já, não parece arriscado dizer que entra como uma das grandes obras da história da música brasileira.
Anna Julia Silva Costa
Advogada da Equipe de Contencioso Cível do VLF Advogados