Cinzas do Norte, livro de Milton Hatoum, e Trilogia 28 Days Later, filmes de Danny Boyle e Alex Garland
Rafhael Frattari e Katryn Rocha
Cinzas do Norte, livro de Milton Hatoum
Para comemorar a eleição do manauara para a Academia Brasileira de Letras, a indicação do mês é uma das principais obras de Milton Hatoum, ambientada no Amazonas.
O enredo se passa na Manaus pós-guerra e em Parintins, com episódios importantes na propriedade chamada de Vila Amazônia, uma plantação de juta.
A história narra a vida de dois amigos, Raimundo (Mundo) e Olavo (Lavo). O primeiro, com vocações artísticas incompreendias pelo pai, é a imagem da revolta e insubmissão, que o leva a outros cenários como a Europa e o Rio de Janeiro. O segundo, permanece em Manaus, acompanhando a vida do amigo de longe, e vendo o nascimento do governo militar.
É uma obra muito interessante, que aborda temas relacionados a arte, tradição, aculturação, miscigenação, mas também relações familiares. Isso sem perder nunca de vista o momento político do país. Um livro arrebatador, que mostra a literatura de Hatoum em sua potência máxima. Vale muito a pena.
Rafhael Frattari
Sócio-fundador responsável pela Área Tributária do VLF Advogados
Trilogia 28 Days Later, filmes de Danny Boyle e Alex Garland
A trilogia de filmes 28 Days Later, 28 Weeks Later e 28 Years Later é mais do que uma saga de zumbis – é um estudo sobre o colapso da civilização e a persistência da selvageria humana, e com o último, lançado em 2025, Alex Garland e Danny Boyle retornam para fechar esse ciclo com uma reflexão amarga.
O terceiro filme não tenta reinventar a roda, mas sim reconectar com o espírito do primeiro: o terror não está apenas nos infectados, mas nas decisões humanas. A ambientação em uma ilha isolada, com uma ponte como único elo com o continente, é uma metáfora visual perfeita para o dilema moral que atravessa toda a trilogia: cruzar ou não cruzar o limite da humanidade.
O retorno de Boyle à direção traz de volta o olhar sujo e urgente do primeiro filme. A câmera nervosa, os silêncios pesados e a trilha sonora inquietante criam uma atmosfera de tensão constante.
O filme não busca respostas fáceis. Ele evolui não pela escala, mas pela profundidade. A mutação do vírus é menos importante do que a mutação da sociedade. O que acontece quando o tempo não cura, mas apenas transforma o trauma em norma?
A trilogia termina como começou: com uma corrida desesperada pela sobrevivência e com a consciência de que talvez o maior inimigo não seja o vírus, mas nós mesmos.
Katryn Rocha
Auxiliar de Comunicação do VLF Advogados