1Q84, de Haruki Murakami (livro) e Hunters, de David Weil (série)
Marina Leal e Rafhael Frattari
1Q84, Haruki Murakami (livro)
Talvez a obra mais conhecida de Haruki Murakami, escritor japonês com quase 30 livros publicados (abrangendo romances, não-ficção e contos) em seus mais de 40 anos de carreira e consagrado como um dos autores cult mais populares do mundo, a trilogia 1Q84 é também a sua maior e, talvez, mais ambiciosa.
A história tem dois personagens principais cujos caminhos pouco se cruzam: Aomame, que trabalha como instrutora em uma academia de ginástica e assassina de aluguel (e cujo nome em japonês curiosamente significa “ervilha verde”), e Tengo, professor de matemática e aspirante a escritor. Como é recorrente nos romances do autor, eventos estranhos começam a acontecer e a própria noção de realidade é questionada, levando os personagens a trilhar caminhos que não foram planejados por eles. Nas jornadas de Aomame e Tengo, também somos introduzidos a outros personagens bem peculiares (outra característica das obras do autor), seitas, organizações secretas, crimes e, por que não, também histórias de amor.
A prosa fluída e direta de Murakami faz com que até os eventos mais absurdos pareçam factíveis e submergem o leitor no universo único criado por ele. Com isso, apesar de se tratar de uma quase distopia (o título inspirado no também ótimo 1984, de George Orwell, não é à toa), os eventos absurdos não parecem mais tão absurdos assim quando se lê. Dessa forma, até para quem é resistente a livros com elementos mais fantasiosos (como costuma ser meu caso), vale a leitura.
Para aqueles que já conhecem o livro, há outros excelentes do autor. Recomendo, principalmente, Após o anoitecer, Kafka à beira-mar, Sputnik, meu amor e Norwegian Wood, sendo este um dos poucos de Murakami que não contém aspectos tão surrealistas. Para quem gosta de contos, muitos foram publicados e estão disponíveis no site da The New Yorker.
Marina Leal
Advogada das Equipes de Arbitragem e de Contratos
Hunters, de David Weil (série)
A série retrata um grupo de caçadores de nazistas que se refugiaram (ou foram recebidos) nos Estados Unidos, passando-se prioritariamente na cidade de Nova York, no final dos anos 1970. Criada por David Weil a série merece ser vista pela simples presença de Al Pacino, em seu primeiro trabalho no formato. Mas se engana quem pensa que a cena é dominada pelo gênio, já que ele está acompanhado por um time de primeira, como Kate Mulvany (no papel de uma irmã de Cristo) e do veterano Saul Rubinek.
A trama é inspirada nos vários caçadores de nazistas que tiveram atividade no pós-guerra e discute tanto o dilema moral da caçada, quanto o fato de que países receberam nazistas menos “famosos” que pudessem contribuir, especialmente pelo seu conhecimento científico.
A narrativa centra-se na caça individualizada de nazistas e acaba descobrindo a existência de um plano macabro para iniciar o que chamam de Quarto Reich. Para quem gosta do tema, é uma série imperdível, porque se vê a continuação da guerra em outro front.
Mesmo para os não iniciados no assunto, a obra vale a visita, sobretudo pela fotografia, pela sonografia, pela reconstituição histórica das cenas e por uma boa atuação da maior parte dos atores. Algumas cenas são fortes, outras meio kitsch, e se passam no ritmo surrealista e avassalador que ganhou as cenas desde o clássico Pulp Fiction. Diversão garantida.
Rafhael Frattari
Sócio da área Tributária do VLF Advogados